SOU CONTRA a entrega do patrimônio brasileiro por meio da privatização.
SOU A FAVOR da privatização e dos consequentes aumentos na tarifa de energia.
A atual direção da Eletrobras e, fazendo coro a ela, toda a mídia tradicional, tem repetido incessantemente que a Empresa deve ser privatizada porque não tem mais capacidade para investir, o que é uma justificativa ilógica, pois se é necessário que a Eletrobras pública faça os investimentos para garantir a segurança do abastecimento do setor elétrico, é porque o setor privado não investe, e por isso privatizá-la não iria ajudar em nada, pois ela seria apenas mais uma empresa privada que não investe o suficiente.
Outro ponto importante é o motivo pelo qual a Eletrobras parou de investir. Wilson Pinto Junior afirma que a Empresa não possui capacidade por problemas econômico-financeiros. A Eletrobras tem hoje mais de R$12 bilhões em caixa e uma geração potencial de caixa (LAJIDA ou EBITDA) de cerca de R$ 11,5 bilhões anuais. Seus indicadores de endividamento (Dívida Líquida/Ebitda) e o índice de cobertura do serviço da dívida estão em linhas com as práticas de mercado. Ou seja, a Eletrobras hoje não pode ser considerada uma empresa endividada ou altamente alavancada.
Não custa lembrar que, em função disso, a Eletrobras aprovou um Plano de Investimentos (PDNG) que prevê que ela mais que dobre seu volume de investimentos nos próximos anos. Na avaliação de técnicos, um plano muito conservador, aquém da capacidade real de investimento da Empresa, em face de seu elevado caixa e de sua excelente capacidade de captação de recursos, condições já testadas e provadas, visto as recentes operações (debêntures, bônus, capitalização) que tiveram, inclusive, excesso de demanda pelo mercado.
Isso mostra que não investir faz parte da gestão de Wilson Pinto Junior, ainda que existam recursos disponíveis. Tanto é, que foi durante sua gestão que a execução do orçamento alcançou os menores percentuais dos últimos 20 anos (53,5% em 2017; 45,9% em 2018 e 50,5% em 2019), números muito abaixo da execução média que costumava ficar próxima dos 75%. Não é à toa que Wilson Pinto Junior, provavelmente, foi o único CEO que não ganhou num um leilão durante sua gestão. Nem de usina, nem de linha de transmissão, nada! Um recorde! De quebra, ainda decidiu devolver concessões de parques eólicos cujas obras ainda não haviam iniciado, como se o país não precisasse desses investimentos. Vai sair da Eletrobras conhecido como o presidente “Zero”. Em quase cinco anos e zero de novos MW e quilômetros de linhas de transmissão.
Um dos problemas do discurso do atual futuro expresidente da empresa é, portanto, que os números o desmentem. Outra evidência de que a tese que afirma que a Eletrobras não tem capacidade para investir é falsa, é que, como qualquer aluno de Introdução a Finanças Básicas I sabe, não é recomendável que uma empresa altamente endividada pague dividendos. Após o anúncio feito em 28/01/21, já somam mais de R$ 5 bilhões serão pagos pela Eletrobras em dividendos em menos de 2 anos! Um recorde!
Isso coloca a direção da Eletrobras em uma encruzilhada no que se refere ao seu discurso de falta de capacidade para investir pois, ou eles estão pagando dividendos de forma irresponsável, pois deviam estar direcionando esses recursos para o pagamento de dívidas, ou estão mentindo sobre a não ter capacidade para investir.
Todavia, se hoje a Eletrobras ainda está em uma situação econômico-financeira confortável para investir, isso se dá a revelia das medidas de gestão do Sr. Wilson Pinto Junior e da direção da Eletrobras. Eles têm feito todo o esforço para secar o caixa da empresa. Para comprovar nossa fala, daremos alguns exemplos de medidas tomadas na tentativa de inviabilizar a Eletrobras, como empresa e acabar com sua capacidade de investimento:
Em resumo, todo o esforço do Sr. Wilson Pinto Junior está voltado para tornar real a falta de caixa da empresa, da qual se queixa sem razão. Sua cruzada para secar o caixa da empresa é também uma cruzada para beneficiar e agradar seus amigos, seus patrocinadores, ou seja, os grandes acionistas minoritários da Eletrobras, também conhecidos no mercado como “fundos abutres”, liderado pela a 3G Radar. O atual episódio do pagamento de dividendos retidos é apenas mais um capítulo desse processo.
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